A VERGONHA DE PROFESSOR (Senti vergonha de ter sentido vergonha!)


A VERGONHA DE PROFESSOR (Senti vergonha de ter sentido vergonha!)
Por C.F.A
Nunca
vou me esquecer de uma aluna que me pediu para sair da sala, e eu lhe
perguntei o que ia fazer. E ela me condenou no conselho de classe, lugar
em que os maus alunos destilam todo seu veneno nas costas dos
indesejáveis, distorcendo o falado, disse que perguntei o que ela ia
fazer no banheiro, porém eu nem sabia que a mesma ia ao “banheiro”.
Retrair-me e nunca mais perguntei a aluno algum, que quisesse sair da
sala, o que ia fazer lá fora, tive vergonha de mim mesmo.
Mais recentemente, uma outra aluna recebida nesse Colégio, mal
chegou, já queria sua transferência, de cujas notas baixíssimas,
procurou a secretaria, pois queria sair de qualquer jeito e justificou
assim:
— “Esse colégio é muito ruim”, “os professores são muito fracos”.
A gestora não suportou essa vergonha sozinha e convocou uma
reunião extra para que a aluna acusante enfrentasse os professores e os
chamasse de fracos na cara, a pressão foi tamanha que ela saiu da
berlinda chorando. Senti vergonha dela.
Na minha carga horária, sobra-me um dia no qual tenho apenas uma
aula, ou seja, vou ao Colégio para ministrar uma aula, a primeira. Um
dia desses, na semana de prova, fui, e apliquei a prova da colega, nesse
horário reservado para mim, e me ausentei da unidade escolar antes de
todos, mas no outro dia, meu ponto estava carimbado: “não compareceu”.
Senti vergonha dos colegas. Então alguém me confortando disse:
— Isso é frequente aqui!– Então, senti vergonha das coordenadoras.
Tenho um colega, numa escola municipal muito indisciplinada na
qual já sou taxado de professor sem domínio de classe, que sai da sala
dele todas as aulas, ou seja, deixa seus alunos bagunçando e vai
inspecionar as salas vizinhas, balizando-se e se mostrando sempre na
média de professor controlador. Que tempo lhe sobra para ministrar algum
conteúdo da “Matriz Curricular”? Numa dessas reuniões para “lavar
roupas sujas”, a diretora o elogiou na frente de nós todos, achei que
tal elogio seria como dar uma esmola em dinheiro para o bêbado ir
alimentar seu vício. Senti vergonha da diretora.
Ao ler um artigo Que
fala de salas superlotadas, o uso do crachá e o professor exercendo a
função de carcereiro, de plantão na porta da sala para que os alunos
não saíssem sem
que ele os visse e recebesse mais bronca dos coordenadores, nesse caso
já não sei mais de quem devo sentir vergonha. Até compreendo, o
incompetente sempre responsabiliza alguém por suas falhas, porém não
existe professor ético e profissional para coordenador acuado.
Bem,
modéstia à parte, depois que finalizei esta crônica e a reli, senti
vergonha de ter sentido vergonha de mim, não me permito! Porém, só é
permitido àqueles que me submetem a constrangimentos no exercício legal de minha profissão.
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