Crônica da vida escolar : aconteceu comigo

AMEAÇA, REAÇÃO INSTINTIVA DO MEDO (Quem ousa chamar esse sistema de paternalista?)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Como se não bastasse
receber toda a culpa pelo o fracasso da educação, o professor ainda
recebe amaças mil, vindas de superiores, de colegas, de alunos e de
pais. Até de fantasmas!
Um dia desses, quando fui assumir umas aulas de Língua
Portuguesa na EJA, acordo tratado com a secretária do colégio, fui
Intimidado por atos, gestos e palavras, parecia que ninguém me queria
ali. Na verdade, eram fantasmas que me ameaçavam! A professora a quem
alegavam deveria abandonar as aulas que seriam minhas nem estava de
posse das mesmas, e, muito menos, sabendo do reboliço com o seu nome.
Foi difícil concordarem que eu devia lecionar naquele primeiro ano
noturno. São muitos os colegas travestidos de "gasparzinhos"
assustadores de professor.
Outros tipos de promessa de agressão, recebo todos os dias no
fundamental. Eles são ainda crianças, de dez a quinze anos, mas já sabem
ameaçar. Alguém que não cumpre seus deveres, porém cheios de direitos,
não pode perder a "mamata": se impedi-los de lanchar, ou dar-lhe nota
baixa, ou pedir silêncio, ou ainda que entre para sala de aula, então
eles se mostram perigosos suficientes para afrouxar a metodologia do
mestre. E ai do professor que usar de ameaças, também, para fazer a aula
funcionar como manda os coordenadores!
A palavra "aluno" está inadequada para muitos deles. Pois,
são "iluminados" demais para manipular, com promessas de castigo, à
escola ou, mais diretamente, ao professor, quando dizem: — "se não
aliviar meu lado, eu vou desistir". E essa ameaça funciona melhor na EJA
(Educação de Jovens e Adultos). Eles descobriram que valem mais para a
entidade educacional que a entidade vale para eles. O interesse
exagerado que os funcionários da educação demonstram para que eles
estudem denuncia o lucro que são, para o emprego de muita gente, estando
ali devidamente matriculados. E, no final, o sair com um diploma na mão
ajuda deveras as estatísticas despojadas de verdade; como predomina o
gênero feminino no sistema educacional, vamos chamar este tipo de
estatística de "carrasca". Que este epíteto irreverente revele que cada
ameaça gera uma vingança instintiva do medo. Quem ousa chamar esse
sistema de paternalista? Fica melhor, maternalista!!!
Claudeko (...)
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